Nos últimos quatro anos, a renda média do brasileiro cresceu, mas o dinheiro extra não trouxe mais saúde. O Brasil está mais gordo e sedentário. Abusa mais de álcool. Come menos feijão, frutas e hortaliças. Está mais sujeito à hipertensão e ao diabetes. Esse é o retrato de uma pesquisa anual feita pelo Ministério da Saúde desde 2006, com 54 mil moradores de todas as capitais. Nas próximas páginas, ÉPOCA publica com exclusividade os resultados colhidos em 2009.
O levantamento Vigitel capta o estilo de vida da população por meio de extensas entrevistas feitas por telefone. Não traduz o que acontece em todos os cantos do país, mas dá uma boa ideia do comportamento de quem vive nas capitais e tem renda suficiente para ter em casa uma linha telefônica fixa. O trabalho é baseado na metodologia adotada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. É uma das mais importantes ferramentas dos governos para monitorar fatores de risco de doenças crônicas e orientar os gastos com medicamentos. O Vigitel ajuda a prever as bombas que vão estourar nos hospitais nos próximos anos, consumindo vidas e comprometendo o orçamento do sistema de saúde. Pelo que a pesquisa vem mostrando nos últimos anos, o Estado brasileiro pode se preparar para o pior. Em várias áreas.
“Os dados mais alarmantes são os índices de sobrepeso e obesidade”, diz Deborah Carvalho Malta, coordenadora de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde. Entre os entrevistados do sexo masculino, 51% têm excesso de peso (em 2006, eram 47%). Nas mulheres, o índice é de 42% (em 2006, era de 38%). O Brasil está caminhando rapidamente para a situação de países como os Estados Unidos, onde 60% da população tem sobrepeso. “Não acredito que vamos derrubar esses índices. Se conseguirmos estabilizá-los, já será uma vitória”, diz Deborah. Entre as mulheres, ficou claro que o excesso de peso é mais comum entre as mais pobres. No estrato de menor escolaridade (zero a oito anos de estudo), 50% das mulheres têm sobrepeso. Na faixa mais culta (12 anos de estudo ou mais), o índice é de 31%. No sexo masculino, a situação é diferente: a barriga independe da escolaridade.
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