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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Caso Bruno (ex goleiro do flamengo)

Defesa do goleiro Bruno procura médico legista do caso Nardoni









O médico-legista George Sanguinetti, o mesmo que contestou a perícia oficial da investigação da morte de Isabella Nardoni em 2008, foi contatado por advogados dos suspeitos do desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo. Ele foi chamado para desenvolver um laudo paralelo que auxilie a defesa do jogador.

Contatado pelo Abril.com, Sanguinetti afirmou que iniciou conversações com o advogado Ércio Quaresma no domingo (11), mas que a decisão será anunciada apenas na quinta-feira (15). “Não sei se vou poder contribuir”, afirmou ele, que revelou estar encontrando resistência de sua família, devido à repercussão do caso Nardoni.

O legista disse ainda que a defesa aguarda que a polícia mineira libere o laudo técnico da perícia e precisa esperar que as provas apareçam.

Sanguinetti afirmou que algumas pendências no caso precisam ser clareadas por laudo criminal. “A gente vai conferir se as provas batem, se ela (Eliza) foi mesmo jogada aos cães.” O legista disse acreditar que a perícia pode encontrar algo nas fezes dos animais.

Outro aspecto a ser averiguado é o sangue masculino encontrado no Range Rover do goleiro, onde já foram descobertos vestígios do sangue de Eliza. Para Sanguinetti, há uma lacuna a ser preenchida na questão, porque o adolescente de 17 anos, primo de Bruno, afirmou que apenas a jovem teria se ferido durante o sequestro.

Há ainda um problema de “interpretação”, de acordo com o legista. A ordem que o goleiro teria dado a Luiz Henrique Ferreira Romão, o “Macarrão”, para “resolver o problema”, não indica, necessariamente, que Bruno tenha pedido a execução de Eliza. “Cabe aí a defesa dele”, afirmou.

Entenda o caso
A ex-modelo Eliza Samudio, de 25 anos, desapareceu no dia 4 de junho deste ano. O último contato conhecido dela foi com a advogada Anne Faraco, que acompanhava o processo de reconhecimento da paternidade do filho de quatro meses que a jovem dizia ser de Bruno Fernandes, goleiro do Flamengo.

No telefonema à advogada, Eliza avisou que iria a Minas Gerais encontrar o jogador. Segundo ela, Bruno havia concordado em fazer um exame de DNA.

Em 2009, a modelo tinha levado à imprensa do Rio de Janeiro a notícia de que estava grávida de Bruno. A criança teria sido concebida no primeiro encontro dos dois em um churrasco em maio do ano passado, quando o atleta já era casado com Dayanne Souza.

Em outubro, Eliza denunciou ameaças de Bruno, que a pressionava a abortar. A Justiça determinou que o atleta mantivesse, pelo menos, 300 metros de distância dela.

Em fevereiro deste ano, quando o bebê nasceu, a ex-amante passou a negociar as condições para que Bruno assumisse a paternidade. Ela batizou a criança com o mesmo nome do jogador.
Um mês depois, Eliza foi ao Rio e enviou uma mensagem para sua advogada: "Estou no mesmo hotel que fiquei aquela vez, se acontecer algo, já sabe quem foi". O advogado do jogador rejeitou o acordo proposto por ela na ocasião.

Em 24 de junho, a Delegacia de Homicídios de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ficava o sítio de Bruno, recebeu uma denúncia de que Eliza havia sido levada para o local, onde teria sido assassinada. Foi quando as polícias do Rio e de Minas Gerais começaram as buscas por Eliza.

Dois dias depois, a mulher do jogador, Dayanne, foi autuada “por subtração de incapaz” por ter entregado filho de Eliza a uma amiga.

No dia 28 de junho, a polícia de Minas Gerais fez as primeiras buscas no sítio do atleta. No dia seguinte, a perícia encontrou vestígios de sangue no carro de Bruno. O veículo havia sido retido no Estado por falta de licenciamento em uma blitz no dia 8 do mesmo mês. Mais tarde, um exame mostrou que se tratava do sangue de Eliza.

A testemunha-chave do caso, um adolescente de 17 anos, que é primo do goleiro, apareceu em 6 de julho e confirmou ter participado do seqüestro de Eliza, ao lado de Luiz Henrique Romão - mais conhecido como Macarrão, que é funcionário de Bruno.
No entanto, o garoto prestou depoimentos conflitantes sobre o caso para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio.

O primeiro depoimento deflagrou o pedido de prisão temporária de Bruno e de Macarrão. Na ocasião, o adolescente contou que, após atacar Eliza dentro de um carro, ele e o funcionário do goleiro seguiram viagem diretamente para o sítio do jogador. O menor disse ainda que Bruno só teve contato com Macarrão e Sérgio (que vigiava Eliza no sítio) por duas horas.

Na segunda versão, o primo do jogador disse que, após o seqüestro, ele, Macarrão e Eliza foram primeiro para a casa do goleiro, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio, onde ficaram por dois dias. Bruno não estava na casa, segundo o adolescente, pois se preparava com o time do Flamengo para uma partida do Campeonato Brasileiro naquele final de semana, mas depois encontrou o grupo em Minas e permaneceu lá por três dias.

A participação da esposa do goleiro no caso também sofreu alterações entre os relatos. No primeiro depoimento, o adolescente só a viu no sítio após o crime. Mas, na segunda versão, o menor de idade disse que ela já estava no local quando eles chegaram. Apesar disso, ele não confirmou a presença do casal no momento do assassinato de Eliza.

O ponto comum dos depoimentos é que Eliza foi levada do sítio do jogador para outro local, no município de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte. Ali, Eliza teria sido entregue ao traficante e ex-policial civil Marcos Aparecido do Santos, conhecido também como Bola, Paulista e Neném. Ele teria sido o responsável pela morte de Eliza, por estrangulamento.

O adolescente disse ainda que o traficante desmembrou a mulher e deu as partes do corpo dela para que cachorros comessem. Segundo informações da polícia de Minas, Bruno teria acompanhado a entrega de sua ex-amante ao criminoso e presenciado o assassinato.

Bruno, sua esposa, e Macarrão, além de outras pessoas envolvidas no crime, tiveram sua prisão temporária decretada após o encerramento do depoimento do adolescente, no dia 6 de julho. Já Bola, o ex-policial suspeito do assassinato, foi preso dois dias depois, em Belo Horizonte.

O jogador e seu funcionário já foram indiciados pela polícia do Rio, pelo sequestro ocorrido em junho deste ano e, pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), por sequestro, cárcere privado e lesão corporal, por conta do incidente de 2009, onde teriam tentado forçar Eliza a abortar a criança que ela carregava.

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